domingo, 5 de setembro de 2010

Sobreendividados têm em média 8,6 créditos


O número de empréstimos a pagar em simultâneo disparou 60% em Agosto.

As famílias portuguesas, confrontadas com o agravamento do desemprego e juros mais altos, têm cada vez maiores dificuldades em fazer face aos seus empréstimos, que não param de multiplicar-se numa espiral de créditos para pagar créditos. De acordo com os dados de Agosto do gabinete de apoio ao sobreendividado (GAS) da Associação de Defesa do Consumidor (Deco), as 217 famílias que iniciaram um processo de endividamento excessivo no mês passado tinham, em média, 8,6 contratos de crédito em pagamento simultâneo, contra apenas 5,3 empréstimos no mês anterior.

Os dados a que o DN teve acesso mostram ainda que 18% das pessoas que iniciaram um processo de ajuda/aconselhamento têm entre oito e dez contratos de crédito em pagamento, enquanto 7,4% destes novos sobreendividados que surgiram na Deco possuíam mais de dez empréstimos em simultâneo.

Apesar desta cada vez maior acumulação de créditos, o número de processos iniciados em Agosto (217) foi menor que em Julho (226), num ano em que os pedidos de auxílio mensais se caracterizam por uma oscilação pouco significativa.... à excepção do último mês. Os números de Agosto correspondem, na verdade, a um aumento de 8,5% face a igual mês do ano passado e mais 34,7% que em período homólogo de 2008.

No total, nos primeiros oito meses deste ano, 1904 famílias já iniciaram processos de sobreendividamento nos gabinetes de apoio da Deco, que ajudam os consumidor es na renegociação dos seus encargos/créditos, contra 1867 em igual período de 2009, um crescimento de 1,9%. Face a 2008, o aumento é de 70%. Isto porque no ano passado registou-se um forte crescimento homólogo, de 38,2%, nos pedidos de auxílio chegados aos técnicos da Deco. Recorde-se que esta associação iniciou a prestação deste tipo de serviço em 2000, ano que apenas 152 famílias pediram ajuda.

As principais razões que estão na origem destas situações de sobreendividamento são o desemprego, com 27,5% dos casos manifestados em Agosto, seguindo-se-lhe a deterioração das condições laborais (como salários em atraso, não pagamento de horas extraordinárias, por exemplo), com 20% das situações, a doença (19%) e o divórcio/separação (13,2%).

Analisando a evolução destas causas ao longo do ano, verifica-se uma ligeira redução do desemprego como motivo principal, a par de um aumento do divórcio. Contudo, as percentagens oscilam bastante, com o agravamento do custo do crédito a aumentar ligeiramente até Julho como razão para o incumprimento dos empréstimos.

Nos dados da Deco, de destacar ainda que Lisboa regista quase metade dos processos de sobreendividamento iniciados em Agosto (103, valor idêntico ao de igual mês do ano passado), mas as delegações regionais de Évora, Santarém, Coimbra e Viana do Castelo apresentaram todas crescimento no número de famílias que já não conseguem gerir o orçamento familiar.

A maioria dos sobreendividados que se dirige à Deco é do sexo masculino (40,4%), situa-se na faixa etária entre 36 e 55 anos (67%) e é casada (60,1%). De acordo com o perfil traçado pelo Observatório do Endividamento dos Consumidores predominam as pessoas com o ensino secundário (53,7%), predominantemente empregados administrativos, operários, comerciantes e vendedores (41,3%). Um terço dos sobreendividados (34%) tem um rendimento individual entre 498,80 e 997,60 euros mensais e outros 30% têm menos do que isso. Ou seja, mais de 60% dos sobreendividados são pessoas cujo rendimento não excede os 997,60 euros mensais... e com menos capacidade de resistir à crise.

fonte: DN

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