terça-feira, 20 de julho de 2010

Segurança cresceu sem controlo após o 11 de Setembro


Os serviços de segurança norte-americanos criados depois dos atentados de 11 de Setembro tornaram-se tão extensos, secretos e complexos que é impossível averiguar com precisão a sua eficácia, concluiu uma grande investigação do jornal Washington Post.

Com o nome "Top Secret America", a investigação resulta de dois anos de trabalho em que participaram 20 jornalistas do prestigiado diário norte-americano, que esteve na origem do escândalo Watergate, que levou à demissão do presidente Richard Nixon, em 1974.

O inquérito afirma que, nove anos depois dos atentados que fizeram quase três mil mortos, "o mundo secreto que o governo criou [...] tornou-se tão vasto, difícil de manobrar e secreto que ninguém sabe quanto custa, quantas pessoas emprega, quantos programas existem nem quantos serviços diferentes efectuam as mesmas tarefas".

"Este artigo não mostra os serviços de inteligência tal como os conhecemos", reagiu David Gompert, director do National Intelligence, garantindo que as reformas feitas nos últimos anos permitiram "melhorar a qualidade e a quantidade de missões".

Ilustrado com vários gráficos, o trabalho do Washington Post vai ser publicado em três partes, tendo o primeiro capítulo - "Um mundo secreto que cresce sem controlo" - sido publicado na segunda feira. Os outros dois serão divulgados hoje e quarta feira.

O jornal garante que 1271 agências governamentais e 1931 empresas privadas, repartidas por 10 mil sítios nos Estados Unidos, trabalham sobre a inteligência, num dispositivo que emprega quase 854 mil pessoas, com acesso a informações secretas.

O Washington Post sublinha que a amplitude da burocracia resulta em redundâncias administrativas: 51 organizações federais situadas em 15 cidades diferentes fiscalizam a circulação de fundos de redes terroristas.

"Provavelmente, há redundâncias e problemas de organização", reconhece o Pentágono, sublinhando, no entanto, que "é preciso recordar que não houve nenhum atentado maior nos Estados Unidos desde o 11 de Setembro".

A grande máquina de inteligência norte-americana produz relatórios em tão grande número - cerca de 50 mil por ano -, que "muitos deles são simplesmente ignorados".

O jornal alega mesmo que, devido a estes erros, os serviços de inteligência norte-americanos não conseguiram antecipar o atentado num avião que fazia a ligação Amesterdão-Detroit no dia de Natal, nem a matança de Fort Hood, no Texas, que fez 13 mortos em Novembro.

A investigação do Washington Post está também disponível online, numa versão com vários gráficos (http://projects.washingtonpost.com/top-secret-america).

O jornal explica que, devido à natureza sensível do assunto, os responsáveis do governo norte-americano foram autorizados a aceder à investigação antes da sua publicação e que algumas informações foram retiradas.

fonte: DN

fonte 2: Jornal i

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