sexta-feira, 16 de julho de 2010

Justiça acusa secretas britânicas de pactuarem com torturas da CIA

Londres tentou esconder informações confidenciais. Justiça britânica divulgou-as e indignou os EUA


Apesar dos esforços da diplomacia do Reino Unido para manter confidenciais os documentos dos serviços secretos nacionais (MI5), a verdade foi conhecida pelas mãos da justiça britânica, que acusa Londres de ter pactuado com os actos de tortura do exército norte-americano em interrogatórios a suspeitos de terrorismo.

A reacção da Casa Branca não tardou: "Estamos satisfeitos por as autoridades britânicas terem insistido na necessidade de proteger informações confidenciais de governos estrangeiros, mas ficamos profundamente decepcionados com o julgamento." A troca de informações entre as duas secretas será prejudicada, avisou o porta-voz do presidente Obama.

No meio da polémica está o etíope Binyam Mohamed, detido em 2002 no Paquistão e deportado para a base de Guantánamo em 2004. Há um ano, Mohamed foi o primeiro prisioneiro britânico a ser libertado da base e transferido para Londres, onde está a ser julgado. Contra a vontade do governo, o tribunal de Londres mandou divulgar uma lista cedida pela CIA ao MI5 que enumera as torturas que o exército americano infligiu a Mohamed no Paquistão e em Marrocos, em 2002. Binyam Mohamed terá sido "submetido a privações de sono", ameaçado de "desaparecimento" e algemado nos interrogatórios. Mohamed acusa o MI5 de estar a par de tudo e, no julgamento, os juízes britânicos também referem a cumplicidade do MI5 com a tortura, acusando os serviços de terem mantido uma "cultura de repressão e desprezo pelos direitos humanos", enganando o Parlamento. O advogado do ministro dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, pediu que a acusação fosse apagada do despacho através de uma carta enviada aos juízes. O escândalo estalou quando esta carta foi publicada nos media britânicos. Miliband negou uma tentativa de encobrimento, justificando o bloqueio com a "segurança nacional".
 
fonte: Jornal i
 

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